Dia mundial sem carro (Concurso IMB)
Nota do IMB: o artigo a seguir faz parte do concurso de artigos promovidos pelo Instituto Mises Brasil (leia mais
O que elas não notam é que na verdade aconteceria justamente o contrário: os
nossos ônibus atuais poderiam ser vistos no mesmo patamar da Kombi, pois a
proibição ao livre mercado nivela por baixo o nível da qualidade dos serviços
oferecidos aos usuários. Um monopólio jamais pode nivelar por cima, caso
contrário a possibilidade do monopólio não seria sequer considerada pelo
monopolista, pois o mesmo já teria o consumidor garantido, não fazendo sentido
algum fazer qualquer investimento (seja ele qual for, mas no caso,
apadrinhamento de políticos) para tentar manter os consumidores fiéis aos seus
produtos, pois os mesmos o seriam voluntariamente.
E quanto às Kombis, que funcionavam na ilegalidade? Pois bem, agora os
"kombeiros" competentes teriam garantias de que poderiam investir em
algo maior e não iriam sofrer com ameaças de aprisionamento; eles não teriam
que bancar propinas para manter o negócio funcionando (logo, menos um custo
onerando o sistema do transporte urbano) e o futuro não seria roleta-russa.
Passaria a fazer sentido investir no setor (alguém caindo de um alto edifício
para a morte certa iria calçar o sapato?).
E quanto aos automóveis, às fábricas e aos empregos atuais que movimentam a
economia no setor? Não existe uma resposta única para como o mercado se comportaria,
pois cada pessoa iria reagir a mudanças assim de uma forma diferente, a única
coisa certa é que com certeza haveria inúmeras mudanças.
A quantidade de táxis (e em carros melhores) aumentaria muito, os preços dos
combustíveis despencaria com o tempo (seriam mais abundantes, uma vez que a
demanda seria menor, o que dá ao consumidor poder de negociação), assim como os
custos de aluguel de veículos. Os pobres
(por exemplo, cortadores de cana de áreas isoladas) teriam mais chances de
adquirirem um carro (uma vez que as pessoas valorizariam menos os mesmos,
haveria mais oferta), muitos carros poluentes antigos iriam ser finalmente
aposentados, teríamos mais maquinário para ser usado por outros setores e o
melhor de tudo: mão de obra livre (também conhecido pelo preconceituoso nome de
desemprego) para utilizarmos em outras atividades a partir de então mais nobres
(quem decide a nobreza das coisas é cada um de nós e isso pode depender de
muitas coisas. Por exemplo, no deserto
um galão d'água pode ser mais nobre do que um diamante) para satisfazer nossos
desejos.
E provavelmente a indústria de entretenimento automotivo também ficaria mais
forte. Pessoas que hoje utilizam moto, bicicleta ou andam em áreas perigosas, e
que por um motivo ou outro decidissem não mais utilizar o serviço de transporte
urbano público, poderiam mais facilmente utilizar uma alternativa que poderia
ser mais segura, confortável e saudável: o carro.
Infelizmente a curto ou médio prazo esse parece ser um cenário difícil de
acontecer (felizmente cada vez mais o longo prazo se torna menor graças ao
avanço tecnológico), ainda mais agora com esses trilhões de dólares (moeda que
a cada dia vale menos) sendo destruídos para salvar indústrias falidas como a GM,
penalizando também com a concorrência desleal empresas que satisfazem melhor os
consumidores como Toyota ou Honda. Ou seja, fazendo exatamente tudo de ruim
para a sociedade.
Metrô estatal? Metrô é um atraente meio de transporte, mas sem o Estado, é
claro. Com mais de um século desde a primeira linha, o metrô de Nova Iorque
continua a funcionar, mas cada vez pior. Praticamente sem inovações desde
quando passou para as mãos governamentais, após o Estado levar as empresas que
os criou à falência.
A propósito: a MTA (agência metropolitana de transporte) cobra um preço de
ticket duas vezes maior do que quando o metrô iniciou suas operações, corrigida
a inflação (aliás, se inflação é boa, por que corrigem?). Pois é, convenientemente
se esquecem de que quando era privado dava lucro, e hoje dá prejuízo: só consegue
manter-se funcionando com um alto subsídio.
Acho que fica bem claro do que realmente precisamos após falar tudo isso: de
uma era sem intervencionismo. Só isso pode trazer benefícios reais e duradouros
para o transporte urbano e, consequentemente, para o nosso bem-estar.
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